Quem teme as intenções de dominação mundial do Google passou por momentos aterrorizantes última semana. A empresa, que começou como um simples site de buscas, anunciou ferramentas de mapeamento dos oceanos, exploração de Marte, localização de pessoas através de celulares, além de investimentos em um instituto de inteligência artificial.
No Twitter e na blogosfera a febre da semana foi o Latitude, que promete fazer a alegria de maridos ciumentos e mães paranóicas. Ele permite que usuários de celulares e outros dispositivos móveis compartilhem sua localização com família e amigos, pelo Google Maps.
O Latitude pode ser acessado por qualquer computador (www.google.com/latitude) ou em celulares Blackberry e aparelhos que executam o Symbian S60 ou Windows Mobile, além de alguns celulares Android.
O serviço deve chegar em breve ao iPhone e iPod Touch e c elulares da Sony Ericsson e está disponível em 27 países, incluindo o Brasil. A empresa incrementou também o Google Earth, que agora permite mergulhos virtuais nos oceanos e passeios pelas desoladas paisagens de Marte.
Graças a mapas combinados com material cedido por oceanógrafos, pode-se ver vulcões e navios submersos, espécies marinhas exóticas, entre outros mistérios dos sete mares. As imagens de Marte são enviadas por sondas e satélites da Nasa.
Se o Latitude levantou polêmica, a mais ousada das missões que o Google assumiu nesta semana foi a criação, em parceria com a Nasa, da Universidade da Singularidade. A dupla seu uniu para garantir que nossos líderes guiem o avanço das tecnologias de modo a beneficiar a humanidade. E ensinem aos robôs do futuro o slogan “Don’t be evil”.
A instituição será coordenada por Ray Kurzweil, controversa figura conhecida por sua posição extremamente otimista em relação ao futuro. Entre as teses defendidas por Kurzweil está a de que a inteligência artificial irá superar a capacidade humana de raciocínio antes da metade deste século. A Universidade ficará sediada num Centro de Pesquisa da Nasa no Vale do Silício, na Califórnia, próximo ao Googleplex, a portentosa sede do Google.
O termo “singularidade” — popularizado após a publicação em2005 do livro “A singularidade está próxima”, de Kurzweil — representa um curto período de grande avanço tecnológico. Muitos acreditam que ela está próxima de ocorrer, diante das descobertas científicas em diversas áreas do pensamento, como a informática, astronomia, nanotecnologia e biotecnologia. Assim sendo, em breve as máquinas passariam a ter a capacidade de corrigir seus próprios erros utilizando inteligência artificial.
Essa perspectiva, no entanto, deixa outros pensadores bastante apreensivos com as escolhas morais que seriam feitas por uma máquina com capacidade de “pensar”, mas sem nenhum tipo de freio moral.
Os outros anúncios feitos pelo Google foram menos polêmicos e envolveram novas funções para ferramentas já existentes no portfólio da empresa. O Gmail, que na úlima semana de janeiro ganhou um modo de acesso offline, agora permite a visualização de várias listas de mensagens na mesma tela.
Com o uso dos marcadores e filtros, ficou mais fácil organizar a caixa de entrada, separando emails de familiares, amigos, trabalho, listas de discussão, etc. As múltiplas caixas de entrada permitem que você veja várias dessas listas ao mesmo tempo, mas em “pastas” diferentes.
Para fechar a semana repleta de novidades a empresa anunciou na sexta-feira a versão mobile do seu serviço Google Book Search, disponibilizando cerca de 1,5 milhão de livros de autores como William Shakespeare e Mark Twain para serem lidos nos celulares iPhone e G1, por enquanto só nos EUA.
Fonte: O Globo
Marcelo Mello